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9 de abril de 2020

A história da frente-única: a união de consciência corporal, sensualidade, lazer e glamour.

Se existe algo que herdamos da década de 1930 foi a consciência corporal que se refletiu na sensação de liberdade de movimentos. E uma das peças que surgiu no período foi a frente únicaNa coleção "Dark Glamour", que criei em parceria com a loja Dark Fashion, desenvolvemos uma blusa frente única chamada "Dóris", neste post apresentarei de forma breve a história da peça! Acompanhem.

A cantora Shirley Manson usando uma frente única de tecido metalizado, que foi moda no fim dos anos 1990 e começo de 2000. A cantora também usa um short no modelo "hot pant", que você pode ler a história da peça clicando aqui.

A blusa que criei em parceria com a Dark Fashion, recebeu o nome "Dóris" em referência à Doris Day e seu icônico vestido frente única azul no filme "Ama-Me ou Esquece-Me", de 1955.


Contexto Sócio-Histórico
Se na década de 1920 a jovem era andrógina e ousada, na década de 1930 ela cresceu e se tornou uma mulher que fez uso dos conceitos construídos de feminilidade, retornando sua cintura no lugar e usando bainhas longas. Basicamente a garota de 20 anos chegou aos 30 anos e queria deixar pra trás a rebeldia andrógina.

A década de 1930, fortemente marcada por uma grande crise econômica resultada da quebra da bolsa de valores americana em 1929, fez com que as pessoas buscassem formas de fuga da dura realidade. Uma dessas fugas foi o cinema, a outra foram os balneários.

Mulheres vestindo frente única nos balneários, o lazer foi a fuga dos tempos de crise econômica.

O corpo feminino ideal tinha proporção de deusa, a mulher dos anos 1930 deveria fazer dietas, exercício físico, manter-se meticulosamente arrumada, usar maquiagem, fazer pedicure devido à exigência da moda de sandálias abertas e ter cuidados com a pele. Parece que falamos das exigências de beleza dos dias atuais, não é mesmo? Veja há quanto tempo reproduzimos a mesma ideia sobre o que é a mulher estar 'arrumada adequadamente'!

Corpo bronzeado, atividade física, unhas e maquiagem impecáveis: 
o ideal de beleza da década de 1930.

Para manter o corpo saudável eram recomendados os exercícios físicos e esse corpo era exibido nos balneários em pijamas de praia e trajes de banho fechados na frente e abertos atrás, visando exibir o bronzeado. Era um escândalo pois pela primeira vez uma parte do corpo da mulher era explicitamente exibida. Estes trajes diurnos de lazer inspiraram os vestidos de noite, onde as costas bronzeadas eram exibidas.

O bronzeado saudável adquirindo durante o dia na praia deveria ser exibido à noite, em vestidos que revelavam costas e braços. 

A mulher dos 1930 precisava acompanhar a silhueta da moda, que consistia de ombros largos e angulosos, cintura no lugar ou levemente alta, quadris estreitos e pernas bastante alongadas. As roupas diurnas eram simples e utilitárias já as roupas de noite possuíam extremo glamour. Os trajes de praia uniam estes dois mundos.


A frente-única

É em todo este contexto de corpos livres de espartilho, exercícios físicos e passeios em balneários que a frente única surge, sendo a peça perfeita para exibir as costas bronzeadas e exercitadas. Embora tenha sido idealizada por Erté em 1917, foi Madeleine Vionnet quem a popularizou na década de 1930, levando os vestidos de noite europeus para a América, assim como outros figurinistas de Hollywood que levavam para a tela as criações de alta costura francesa. 

O que marca a frente-única é sua presença em blusas e vestidos como uma tira que se amarra atrás do pescoço, deixando ombros e costas nuas. Frente discreta, mas ao virar de costas se torna reveladora.

Erté x Madeleine Vionnet / MET.

A maior parte do glamour dos anos 1930 vem de Hollywood, o cinema era a fuga da crise da América. Hollywood era o local onde a alta costura européia era apresentada ao público influenciando o gosto das massas.

O corpo feminino atlético, bronzeado e impecável dos anos 1930 deveria ter proporções de deusa. O que se reflete em criações de alta costura européia que passaram a fazer parte dos figurinos de Hollywood.
Madame Gres, 1939 / National Gallery of  Victoria.

Jean Harlow com o vestido enviesado criado por Gilbert Adrian para “Jantar às Oito” (1933) foi a peça que fez a moda da frente única pegar de fato nos EUA.

Quando pensamos nesta união de consciência corporal, corpo bronzeado e cuidado, lazer, glamour e cinema, é fácil lembrar das fotografias ou filmagens em que as atrizes de cinema estão posando junto à suas piscinas na Califórnia, tipo de imagem que é reproduzida até hoje em ensaios fotográficos da cultura retrô. Mesmo que algumas possam não saber que o conceito vem desse período e contexto histórico, é impressionante como a imagem da mulher saudável, consciente de seu corpo fazendo uso de uma atividade de lazer, ainda é marcante em nossa cultura visual. 

De sua criação em 1930, até os dias de hoje, poucos foram os momentos em que a frente única saiu de cena, na década de 1950 a peça continuou dominando a moda feminina. Além de Doris Day, citada no começo da postagem, a frente única tem momentos icônicos nas telas, talvez a cena que mais recorra à nossa mente seja a de Marilyn Monroe com o vestido branco plissado em “O Pecado Mora ao Lado” (1955) e o vestido dourado em “Os Homens Preferem as Loiras” (1953), este teve diversas cenas censuradas por ser considerado revelador demais. Ambos foram desenhados por Willian Travilla.

O icônico vestido branco frente única de Marilyn Monroe revela a sensualidade das costas da atriz. O vestido dourado que foi censurado nas telas.

Dois modelos frente única: à esquerda Vestido Dior 1963 e página da Vogue de 1953.

Na década de 1960 a peça era comum na subcultura hippie, sendo eles apreciadores de moda artesanal, os modelos em crochê eram muito usados. A frente única aparece também em macacões, especialmente na década de 1970 e se populariza para uso no dia a dia. 

Frente única nas décadas de 1960 e 1970.

Se na década de 1980 o modelo se restringe, em 1990 ocorre sua consagração onde especialmente entre 1994 e 1997 a peça estava presente até mesmo em trajes de gala! Quem lembra das frente únicas de Lady Di, a princesa rebelde (clica pra ler o post sobre ela) escandalizando a realeza britânica?


Frente única na moda jovem da década de 1990. 

Angelina Jolie, Gwen Stefani e Shirley Manson entre fins de 1990 e começo de 2000.

Madonna em campanha para Versace e Dita von Teese inova com uma falsa frente única.

Amy Winehouse em vestido retrô e Lady Gaga, num vestido que
 lembra as proporções de deusa, como na década de 1930.

Com essa breve passagem pela origem da frente única, podemos ver que a peça surgiu associada a lazer, corpo atlético e dias ensolarados. Seu desenvolvimento a leva aos trajes noturnos elegantes e imortaliza com a sensualidade de Marilyn Monroe. Adotada por subculturas como a hippie, a peça se torna cada vez mais um traje do dia a dia, pra todas ocasiões e todas as idades. 

Na coleção Dark Glamour, o foco foi desenvolver uma peça chique e atemporal.
Blusa Dóris, criada em parceria com a loja Dark Fashion

É assim que retornamos à blusa "Dóris" de minha coleção com a loja Dark Fashion: uma peça que une através do tecido em veludo, o glamour dos anos 1930 com a sensualidade das costas nuas e um design atemporal, que nunca sairá de moda. 
Espero que através da história da peça, seja resgatado o lado revolucionário da frente única à respeito das vestimentas femininas! 

Cupom de desconto na Dark Fashion: SUBCULTURAS



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28 de maio de 2019

Wendy O. Williams: a mais pesada cantora na história do rock n' roll | Rainha do Shock Rock

A Rainha do Punk Rock, a Rainha do Shock Rock, a Alta Sacerdotisa do Metal. Tantos termos para tentar definir quem foi Wendy O. Williams, talvez deem alguma ideia da dimensão que foi a performance dessa artista que se estivesse viva hoje completaria 70 anos. "Eu amo música pesada e rápida. Eu não sou uma pessoa de fórmula, não faço músicas de fórmula. Sou viciada em adrenalina, um das poucos respiros de sanidade para mim nesse mundo insano".


A forma como se expunha nos palcos escondia uma pessoa tímida e reservada nos bastidores, a cantora não gostava de comentar sobre sua vida pré-Plasmatics, muito porque não tinha boas lembranças de sua infância solitária. Algumas coisas que se sabe era que nasceu na cidade de Rochester, em Nova Iorque, e seu nome era Wendy Orlean Williams. Seu pai era um químico que teve três filhas e desejava que todas tivessem empregos formais, o que contrariou suas expectativas. Em diversas entrevistas, quando perguntavam o porquê de ser assim, Wendy respondia sem hesitar: "Eu simplesmente não me encaixei, não deu certo, tive que quebrar algumas regras".


Aos 15 anos largou tudo, abandonou a escola, pintou o cabelo de loiro, perdeu a virgindade e foi seguir uma vida de hippie na estrada até o oeste americano (chegou a vender colares de miçangas e biquínis de macramê feitos à mão). Depois mudou-se para Europa, rodou por alguns países tendo diversos sub-empregos e voltou à Nova Iorque em 1976, onde descobriu um emprego através de um anúncio no jornal para o Captain Kink's Sex Fantasy Theater. Ela se interessou tanto em participar que foi se encontrar pessoalmente com o criador do show, Rod Swenson, um graduado em Yale com Mestrado em Belas Artes. Além do teatro, Rod tinha outra ideia: queria formar uma banda de rock incomum, desagradável e Wendy se empolgou tanto que queria ser parte disso. Os dois se juntaram ao projeto e também começaram um relacionamento.


The Plasmatics era uma banda que teve seu conceito idealizado e criado por Rod Swenson. Ele era empresário, compunha as letras, tirava as fotos, fazia de tudo, mas o grupo não teria a proporção que teve sem a grande presença carismática de Wendy, tanto que no início Rod pensava em colocar três cantoras, mas ninguém conseguiu acompanhar o ritmo, as outras sumiam diante dela. Em julho de 1978 houve a estreia com Wendy nos vocais, o guitarrista Richie Stotts e o baixista Chosei Funahara e mais alguém que chamaram para assumir a bateria. A repercussão no cenário underground foi imediata, logo a banda seria a que mais lotava shows no CBGB.


Foi só no final de 1980 que o Plasmatics seria conhecido do grande público quando Wendy pulou fora de um Cadillac em movimento que logo explodiu e voou fora do pier 62 em direção ao Rio Hudson. Esse seria um dos momentos emblemáticos e que marcaria a memória das pessoas sobre as apresentações da banda. As performances incríveis de Wendy continham a clássica marretada e destruição de tevês, rádios, carros e guitarras, essa última ela também cortava com uma motosserra ao meio e jogava os pedaços na plateia. O Cadillac era o modelo favorito para explodir e pichar nos palcos. Esses objetos eram alvos preferidos pois simbolizavam a cultura de consumo norte-americana da época, mas não foram os únicos alvos. "Parte do que fazíamos era uma massa de destruição de ícones consumistas, então a gente dava marretada em televisões e os carros escolhíamos os Cadillacs porque eles eram o 'sonho americano'", revelou Rod.


Video clip: The Damned


Wendy era uma rockstar que ia na contramão do que o rock mainstream apresentava nas décadas de 1970 e 80. Enquanto muitos exibiam suas riquezas por meio de suas mansões, carros e até aviões, Wendy era critica ferrenha ao consumismo. Não é que ela fosse contra as pessoas comprarem, o ponto que questionava era os produtos que a sociedade consumia, na maioria das vezes de forma alienada, sem saber os problemas que causavam ao meio ambiente e consequentemente a sua própria saúde, pois há venenos que empurram para a população consumir sem saber a verdade, principalmente em alimentos.

Força física que aguentava nos ombros o guitarrista.

Era comum em entrevistas elogiarem a forma física de Wendy, que iniciou no Plasmatics aos 28 anos de idade. Ela respondia que cuidava sim muito do seu corpo e que por isso tentava ser a mais saudável possível se exercitando e sendo vegetariana desde a adolescência. O fumo e a droga que hora fizeram parte de sua vida, não estavam mais presentes, era proibido até Coca-Cola. Pois é, Wendy fazia todas aquelas loucuras no palco completamente sóbria!




O Estilo de W.O.W
Esteticamente Wendy foi precursora de muitas modas. Quando começou na banda, tinha um cabelo loiro platinado com mechas rosas, pode-se conferir o visual no primeiro álbum 'New Hope for the Wretched'. Dizem que foi depois de Setembro de 1980 que Wendy cortaria seu famoso cabelo moicano, uma de suas maiores marcas registradas. Seria uma das primeiras mulheres a usar o corte, ficando a dúvida se seria antes até de Wattie Buchan, vocalista do The Exploited. Chegou a ter o moicano em duas cores, preto e loiro durante 1981 e 1984. No final do último ano voltaria ao cabelo comprido loiro e com franja, visto na capa de seu álbum solo W.O.W. Ficaria assim até o final da banda e nas raras aparições após o término, os fios estavam cacheados.


O guitarrista Richie Stotts costumava usar saias, inclusive tutu, bem ao estilo punk bailarina.

Já na parte das roupas havia uma questão interessante: Wendy era supersexy, suas peças eram sempre justíssimas, minúsculas, isso quando não estava só de calcinha fio dental e sutiã ou coberta de espuma de barbear. Mas ela tinha uma atitude tão forte no palco, uma presença tão agressiva, que essa sexualidade extrema não a transformava num simples objeto sexual da qual muitas mulheres no rock eram reduzidas nos anos 80, principalmente nos clipes de rock. Em uma entrevista, Wendy disse que o jeito dela se vingar dessa diminuição às mulheres era justamente não colocá-las em seus clipes como modelos e objetos, pelo contrário, nos vídeos do Plasmatics, Wendy era sempre o destaque lutando, fazendo acrobacias audaciosas e esmagando tudo no seu caminho.


Usava cone bra antes de Madonna. Joan Rivers a chamou de
"Joan Crawford num sutiã de torpedo".

Como crítica do consumismo, já naquela época Wendy era adepta do que hoje conhecemos como minimalismo. Segundo uma matéria oitentista à People, ela mal tinha produtos domésticos, nem mesmo telefone. Também não usava vestido e não comprava um novo par de calça havia três anos. "Estou mais interessada em ter um lugar para trabalhar minha voz e corpo do que ter móveis", disse à revista. Apesar da preferência em peças justas e curtas, Wendy dizia gostar de usar o que era confortável. Com influência do punk e do metal, muitas de suas roupas vinham do universo fetichista, amava estampas de animais como onça e zebra, jeans apertado e de cintura baixa, camisetas sem manga mostrando suas tatuagens, uma rebeldia para aqueles tempos, ainda mais vindo de uma mulher! Só não consegui confirmar se as peças de fetiche que usava e as jaquetas eram de couro ou imitação, pois ela era ativista dos animais e não usava maquiagens que faziam testes em bichos.


Os retângulos pretos tapando os seios eram uma forma de provocar a censura, já que Wendy foi presa algumas vezes por 'exposição indecente'. Sempre indo além, em vez das fitas, às vezes usava pasties com spike ou colocava prendedores de roupas nos bicos, ou quando não usava nada, tapava suas partes íntimas com creme de barbear, mas durante o show acabava derretendo, correndo o risco de ir presa por obscenidade.


Em 1981, Wendy foi exatamente presa por obscenidade num show em Milwaukee ao simular masturbação numa marreta. Enquanto era direcionada para a viatura do lado de fora, um policial a assediou sexualmente apalpando suas partes íntimas, o que resultou numa reação de defesa agressiva de Wendy. Nisso, outros policiais chegaram, a jogaram no chão, chutaram seu rosto, quebraram seu nariz e provocaram um corte de doze pontos em sua cabeça. Rod Swenson tentou impedir mas também acabou sendo agredido e Jean Beauvoir, que tocava com a banda na época, sofreu agressões físicas e verbais racistas. O caso repercutiu na imprensa americana, chegaram a ir à Corte e Wendy foi absolvida da acusação. No ano seguinte seria presa novamente pelo mesmo motivo e também absolvida.


Em entrevistas era comum perguntarem à Wendy se ela e a banda provocavam violência pelas atitudes que tinham no palco ao destruir objetos. A cantora respondia questionando que era normal estupro e assassinato no noticiário, mas não era normal quebrar tevês, o que deixava claro como as coisas na sociedade estavam fora de proporção. "Quanto mais você suprime, quanto mais você reprime, tudo o que faz é criar mais violência, no meio desse tédio vem a violência, vem os assassinatos e as reais doenças da sociedade".


Dizem que Wendy não curtiu o filme que atuou em 1986, Reform School Girls. 
Particularmente não gostei também. 


The Plasmatics durou dez anos e durante esse tempo houve a carreira solo de Wendy. O término ocorreu em 1988, trocando de vários músicos e lançando cinco álbuns: New Hope for the Wretched (1980), Beyond The Valley of 1984 (1981), Metal Priestess (1981), Coup d'Etat (1982) e Maggot: The Record (1987). A banda foi pioneira em misturar punk e metal, o que segundo Rod causou desagrado aos primeiros fãs que eram punks. Maggot foi considerado o primeiro Trash Ópera da história. Nesse período também fez parceria com Gene Simmons e outros integrantes do Kiss para seu primeiro disco solo W.O.W e com Lemmy Kilmister junto com Plasmatics no EP 'Stand By Your Man'.

Lemmy e Wendy

O final de vida da Wendy não seria nada bom, com o fim da banda ela se recolheu, ficou antissocial e quase não havia notícias dela, a pessoa mais próxima e quem confiava era Rod Swenson. Ela se sentiu perdida sem o Plasmatics porque foi pela banda que conseguiu se encontrar como pessoa. Mudou-se para Storrs, Connecticut em 1991, e dedicou-se a resgatar e cuidar de animais órfãos e feridos no Quiet Corner Wildlife Center. Estava obcecada pela morte tentando suicídio três vezes: uma em 1993, outra em 1997 e a última em 1998. Acabou falecendo com um tiro na cabeça no bosque onde ficava a casa de Rod, sendo o próprio que encontrou seu corpo. O óbito foi no dia 06 de Abril de 1998, tendo apenas 48 anos de idade.


Apesar da imagem agressiva nos palcos, fãs que tiveram oportunidade de conhecê-la disseram que a artista era supersimpática pessoalmente. Para Wendy, o rock era atitude e isso ela tinha muito, tanto que deixou muito homem rockstar no chinelo, diria até que GG Allin! Uma pena ter falecido tão cedo, e assim como vários outros nomes de mulheres, seu legado na história do rock precisa ser mais reconhecido e lembrado. Tá feita a nossa parte!

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1 de janeiro de 2019

O estilo punk de Brody Dalle

Na virada dos anos 2000, Brody Dalle foi um dos nomes que mais se sobressaíram na cena punk rock de Los Angeles. Após o auge do Riot Grrrl e Grunge no início de 1990, o Pop retorna as paradas de sucesso em meados da década, ficando um certo 'vazio' de representantes femininas de estética punk - tanto no estilo de cantar quanto na roupa, e assim Brody acaba se destacando como umas das garotas mais influentes do punk rock nesse período. 


Australiana da cidade de Melbourne, seu nome verdadeiro é Bree Joanna Alice Robinson Fitzroy. Nascida no dia 1 de Janeiro de 1979, a cantora conta em entrevista que na infância era horrível fazer aniversário no primeiro dia do ano pois na Austrália é Verão, então todo mundo está fora. Hoje é mais legal porque ela pode curtir com a família. 

Mudança: usando bolsa Chanel. 

Quando jovem Brody se destacou na natação, chegou a treinar para Olimpíadas, mas diz que desistiu depois que descobriu a maconha. Logo o interesse por música fala mais alto e por volta dos 13\14 anos ganha de presente do seu tio uma guitarra e assim monta a sua primeira banda Sourpuss. Adolescente na época do Grunge, era superfã de Nirvana e Hole, esta última da qual teve a sorte de abrir um show em Janeiro de 1995. No futuro, a imprensa musical faria constantes comparações com Courtney Love devido ao estilo de cantar. Curtia também Blondie, The Runaways, Nina Hagen, The Slits, Kim Gordon, Fugazi, Joy Division, The Hunters and Collectors e já revelou ter como melhor memória de infância Cyndi Lauper. "Vi Cyndi Lauper tocando quando eu tinha sete anos. Meu pai me levou para vê-la. Esse foi o primeiro show que vi na minha vida. Ela era um pontinho minúsculo de cabelo laranja e um vestido azul pálido pulando pelo palco, cantando com aquela voz, fiquei totalmente hipnotizada"


Preciosidade esse vídeo! Sourpuss tocando diante da Bikini Kill.


Sourpuss teria um certo destaque na cena punk de Melbourne, isso porque a banda fez parte do projeto feminista Rock N' Roll High School, um espaço que promovia música e cultura DIY para garotas, criada por Stephanie Bourke em 1990. "Eu cresci numa cena que tinha Bikini Kill, Hole, Babes in Toyland, L7. Havia uma abundância incrível de coisa acontecendo com as garotas na música. Você nem pensava sobre, simplesmente só fazia". Foi tocando com Sourpuss no festival australiano Somersault de 1995, que Brody conhece Tim Armstrong do grupo Rancid. Meses depois iniciam um namoro a distância e dois anos depois Brody se muda para Los Angeles onde se casa com Tim em 1997, e no ano seguinte monta sua nova banda The Distillers

The Distillers abriu turnê para No Doubt e Garbage em 2002.
Desde então, Shirley Manson e Brody viraram amigas/irmãs inseparáveis.
Com Courtney Love.
Joan Jett e Nirvana. Via @nerdjuice79

Segundo Brody, o nome da banda viria de uma visita a uma destilaria da época que ainda morava na Austrália. Ela adorou os dizeres e ficou com ele na cabeça. The Distillers marcaria de vez sua vida profissional: foi nela que sairia suas primeiras composições e no futuro seria reconhecida mundialmente. Lançou três álbuns com o grupo: The Distillers (2000), Sing Sing Death House (2002) e Coral Fang (2003). Brody já revelou que não gosta do primeiro álbum homônimo pois estas foram suas primeiras canções e ainda estava muito crua como compositora, já o segundo curte mais. Os dois primeiros foram gravados em apenas duas semanas e o último foi em seis, ela nem acreditava que a gravadora havia dado um prazo maior. Coral Fang foi o qual catapultou Brody e a banda ao sucesso mainstream, o cd fez quinze anos em 2018. 

Cabelo espetado para o alto no clipe "The Young Crazy Peeling".



Los Angeles serviu de inspiração para várias canções do The Distillers, inclusive de pano de fundo para gravações de clipes. Brody conta em entrevista que no primeiro momento ao chegar em LA, achou a cidade muito vulgar e alienante, por um longo tempo se sentiu superdesajustada. Ela só conhecia seu então marido e foi através dele que seria apresentada a cena punk local. Após seis anos de um tumultuado casamento, separam-se em 2003. Foi um momento conturbado, Tim fez acusações e Brody se defendeu mais tarde revelando que a relação era mentalmente abusiva à ela pois o vocalista controlava tudo. Os amigos que restaram foram os companheiros de banda e Josh Homme, que começaria a namorá-la no mesmo ano. Em 2005 o casal oficializa a união, mas entra com o pedido de divórcio no final de 2019.

Brody e Tim.
Com Josh Homme (espero que seja punido pelo chute na fotógrafa!)

Brody tem com Josh três filhos: Camille, Orrin e Wolf. A primeira nasce em 2006 e The Distillers havia terminado. A cantora revela que a filha salvou sua vida, por muitos anos lutou contra a depressão e também com o vício em metanfetamina. "Eu não conseguia achar saída até que tive filhos e então me salvou. Eu me sinto bem, tenho um propósito e me sinto satisfeita". Buscando novos caminhos, ela anuncia sua nova banda Spinnerette em 2007. Tenta voltar aos palcos mas cancela a turnê após ser diagnosticada com depressão pós-parto. Em entrevista ao jornal The Guardian, Brody revela que as conversas de internet sobre seu ganho de peso na gravidez de Camille a afetaram profundamente. Admite que foi parte da razão por não conseguir fazer uma turnê apropriada para o novo disco. O retorno só viria em 2014, com o lançamento de seu álbum solo Diploid Love.


O hiato do The Distillers não foi um período fácil na carreira da artista. "Eu me senti uma fracassada depois que The Distillers acabou. Senti-me inútil. Estava envergonhada e perdida. Não sabia o que queria e que caminho tomar, mas me esforcei para encontrar o positivo diário e simplesmente continuei". A resiliência e determinação de Brody foi fundamental para sobreviver nessa indústria de altos e baixos tão bruscos. "Nunca tomarei um não como resposta e eu não irei parar. Não pararei enquanto não chegar aonde quero ir." Em 2018, a banda retorna aos palcos para comemoração de muitos fãs.

O estilo punk de 2000

Como dito no começo do post, Brody se tornou uma grande referência - senão a maior - às garotas punks da virada dos anos 2000. E é interessante que o estilo punk dela era bem adaptado a moda desse início do século 21. Dalle usava aquelas famosas calças justas e de cinturas superbaixas seguradas por cintos de caveiras ou de tachas, com blusas curtas, geralmente regatas e baby looks. All Star cano médio era seu companheiro favorito, mas às vezes fugia do seu estilo tomboy e usava saltos em modelos de sapatos polly (seu favorito) ou em botas de cano médio e bico superfino. Quando ela colocava saia ou vestido, algo raro, seu visual lembrava muito as punks setentistas.

Inspiração? Pose parecida com Debbie Harry.
Em 2004 na premiação da NME. 
O mesmo look é usado no clipe "The Hunger".

O cabelo virou marca registrada de seu camaleonismo, será que influência da Cyndi Lauper na infância??? Já teve o cabelo de todas as cores e cortes, mas dois são bem icônicos: o moicano e o desfiado curto preto. A maquiagem também não fica de fora, como não lembrar de sua make vamp, onde a pálpebra inferior era pintada de tal forma que parecia uma forte olheira resultando em uma  acentuada aparência junkie? Os lábios superpigmentados de vermelho ou já gastos e sempre acompanhados de piercings. Muitas meninas se inspiram até hoje nesse visual.

Brody se irritou com a Macy's e Bloomingdales e as 
proibiu de usarem essa imagem em campanhas publicitárias.

Por incrível que pareça, o estilo forte e marcante esconde por trás uma pessoa tímida. Tanto que quando se apresenta, Brody diz que prefere entrar e tocar logo, pois ama tocar. "Eu não gosto de conversa fiada, eu não quero que as pessoas fiquem ofendidas por não dizer nada porque não é pessoal, não tenho nada a dizer, prefiro tocar, então às vezes fico mais quieta". Brinca sobre a questão de não gostar de oferecer bis no final do show pois acha a encenação boba, diz que remete aos anos 70 e ao Kiss, banda da qual odeia.




Mesmo sendo reservada, em 2014, Brody e sua irmã caçula, a comediante Morgana Robinson, revelam publicamente como as duas se reencontraram. Ambas são irmãs paternas, mas não se viam desde que Brody tinha cinco anos e Morgana foi morar na Inglaterra com a mãe. Morgana sempre teve o sonho de ver seus irmãos, foi quando Brody saiu na capa da revista The Face em 2004, e o falecido pai a notifica sobre a publicação e assim descobre que possui uma irmã rock star e que vai tocar em Londres. Ela vai no concerto e conhece a cantora, que hoje são superpróximas. Apesar do parentesco, Brody considera seu falecido padrasto como seu verdadeiro pai.


Por sua trajetória musical, Dalle se tornou uma inspiração para meninas e mulheres que querem formar bandas de rock e por suas opiniões e atitudes sobre como encarar essa indústria. Ela ainda se questiona o fato de ainda estranharem uma mulher segurando uma guitarra, mas ao pedirem conselho as que estão iniciando, incentiva na revista Bust: "Sim, dominem um instrumento. Há muito tempo para namorados e namoradas e toda essa m***. Se você é apaixonada por algo, domine-o. E é simples de começar. São passos de bebê. Aprender a tocar um instrumento requer dedicação, cometer erros e descobrir todo tipo de coisas. Se você apenas tocar junto com seus álbuns favoritos, assim como fiz, você ficará melhor e melhor e melhor".

"Eles dizem que mulheres não tocam guitarra tão bem quanto os homens...Eu não toco guitarra com a p* da vagina então que diferença faz?"


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